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Channel: Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém
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The Twelve Days of Christmas (V)

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Jarra em faiança, com cerca de 27,2 cm. de altura, produzida em Lunévillle pela fábrica Keller et Guérin.

 

Distante da superior qualidade das peças concebidas pelo célebre escultor e ceramista Ernest Bussière (1863-1913), que nos proporcionou algumas das melhores criações cerâmicas da Escola de Nancy (http://www.ecole-de-nancy.com/web/index.php?page=ernest-bussiere-2), esta jarra apresenta decoração floral, de inspiração Art Nouveau, aplicada a aerógrafo sobre stencil (chapa recortada), técnica que a K&G ainda continuou a utilizar nos motivos Art Déco (http://mfls.blogs.sapo.pt/233410.html).

 

Ecoando, no entanto, algum do sentido escultórico que Bussière veio adicionar aos tradicionais formatos cerâmicos da fábrica, encontramos neste exemplar uma modelação em relevo que acentua os seus motivos vegetalistas.

 

Complementarmente, o vidrado recebeu ainda, apenas nas partes relevadas, um acabamento nacarado e, no remate da base e do topo, uma filetagem dourada, detalhes que pretendiam colocar esta peça numa gama cerâmica acima da média.

 

Como é evidente, tais características não aproximam sequer este tipo de produção das exclusivas peças de Bussière, que ilustram a cerâmica francesa Art Nouveau ao seu mais alto nível.

 

Veja-se uma outra jarra da K&G, e leia-se algo mais sobre a empresa, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/277249.html.

 

 © MAFLS


The Twelve Days of Christmas (VI)

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Pequena jarra, com cerca de 12,2 cm. de altura, produzida na Manufacture Imperiale et Royale, de Nimy.

 

Esta fábrica belga teve as suas origens em 1789, acabando por encerrar em 1951. A história da empresa é habitualmente dividida em cinco períodos - 1789-1849, 1849-1851, 1851-1890, 1890-1921 e 1921-1951 (veja-se um artigo, em Francês, sobre a história da fábrica, aqui: http://www.vieuxnimy.be/newsite/histoire/Page_histoire.html), correspondendo este último à época em que a fábrica foi adquirida e administrada por uma empresa holandesa de Maastricht, a Koninklijke Sphinx, já aqui referida (http://mfls.blogs.sapo.pt/227609.html).

 

A jarra agora ilustrada remete claramente para a influência das formas depuradas e contidas e para a decoração minimalista, ou limitada ao craquelé do vidrado, da cerâmica oriental, sendo um exemplo das peças europeias que, mesmo durante o período Art Déco, continuaram a seguir essa gramática.

 

Veja-se um outro artigo, em Neerlandês, sobre a história e a produção da MIRN aqui: http://rubriek-keramiek.blogspot.pt/2014/12/keizerlijke-en-koninklijke-manufactuur.html.

 

 

© MAFLS

The Twelve Days of Christmas (VII)

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Estabelecida em 1899, a fábrica americana que produziu esta jarra recebeu o nome dos seus dois fundadores, John Peters (datas desconhecidas) e Adam Reed (datas desconhecidas).

 

A sua primeira produção em série deu-se com a linha Moss Aztec, uma loiça não vidrada no exterior, com um acabamento verde mate no exterior que acentuava a decoração moldada e justificava a designação moss (musgo).

 

Seguiram-se-lhe várias outras linhas, já com acabamento vidrado, mate ou brilhante, de entre as quais se devem destacar aquelas que correspondem às decorações Landsun e Chromal.

 

Esta última, produzida nas décadas de 1900 e 1910 e ilustrada pelo exemplo apresentado acima, uma jarra com cerca de 24,6 cm. de altura, sem marca perceptível, é eventualmente a mais interessante da fábrica.

 

Dado que o processo de decoração em relevo não era mecânico, cada uma destas peças acaba por apresentar um aspecto único, claramente evocativo, nos seus melhores exemplos, de alguma pintura impressionista.

 

A fábrica recebeu nova designação em 1921, passando a chamar-se The Zane Pottery Company, que incorporava a abreviatura de Zanesville, localidade do Ohio onde a fábrica se situava. Ao contrário do que acontecia anteriormente, as peças deste período passaram então a ser identificadas através de uma marca impressa na pasta.

 

Em 1941 a Zane Pottery acabou por ser adquirida pela Gonder Pottery, a qual por sua vez encerrou em 1957.

 

© MAFLS

The Twelve Days of Christmas (VIII)

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Taça em faiança, apresentando um vidrado da série Lapis Ware, com cerca de 20,6 cm. de diâmetro e 11,8 cm. de altura, produzida pela fábrica inglesa Pilkington Tile and Pottery Co.

 

Como se pode constatar pelas inscrições próximas da marca, a forma foi criada por Edward Thomas Radford (activo na empresa entre 1903-1936) e a decoração concebida e pintada à mão por Gwladys Rodgers (activa na empresa entre 1903-1938).

 

Veja-se uma outra peça da Pilkington Royal Lancastrian, e leiam-se algumas informações sobre a diversificada produção da fábrica, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/213164.html.

 

Para informações mais detalhadas sobre a história e a produção PRL, consulte-se o site da Pilkington's Lancastrian Pottery Society: http://www.pilkingtons-lancastrian.co.uk/history.htm, podendo ainda ver-se trinta e quatro peças que integram uma colecção universitária aqui: http://www.ceramics-aberystwyth.com/royal-lancastrian.html.

 

 

 © MAFLS

The Twelve Days of Christmas (IX)

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Jarra em grés, com cerca de 14 cm. de altura, apresentando decoração Art Déco.

 

Fundada em 1699 por Jean-Baptiste Bousquet, em Quimper, França, a fábrica, onde mais de dois séculos depois esta jarra se produziu, adoptou o nome da localidade, ao qual se vieram a a adicionar, mais tarde, as iniciais HB, conjugando uma inicial do apelido do fundador e uma inicial de um dos posteriores donos, Hubaudière.

 

A fábrica celebrizou-se ao longo dos séculos XVIII e XIX pela decoração de inspiração figurativa e regional nas suas peças de faiança, mas atingiu particular notoriedade com a produção de grés Art Déco, de que a jarra apresentada é um exemplo. Registada em 1922, esta série recebeu a denominação Odetta, tendo-se mantido em produção até à década de 1960.

 

As primeiras peças experimentais Quimper HB Odetta apenas começaram a ser executadas em 1923, mas estiveram já largamente representadas em Paris na Exposition des Arts Décoratifs de 1925, onde obtiveram assinalável êxito. Esta exposição é hoje reconhecida como tendo consagrado não só o estilo como também originado a designação Art Déco, a qual foi adoptada por diversos autores a partir da década de 1960.

 

A produção Odetta iniciou-se em maior escala a partir de Março de 1926, aproveitando algumas vezes anteriores formatos existentes na produção em faiança. Quando coexistiam formas em faiança e grés, como é o caso desta, a peça em grés recebia um "g" inciso na base, uma vez que as temperaturas de cozedura exigidas pelas duas pastas cerâmicas são diferentes.

 

 

© MAFLS

Twelve Days in Twelve Hours (XII)

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Jarra em faiança, com cerca de 15,8 cm. de altura, produzida na fábrica húngara Zsolnay.

 

A fábrica Zsolnay Porcelánmanufaktúra foi estabelecida na localidade de Pécs, em 1853, por Miklós Zsolnay (1800-1880). Posteriormente, durante a colaboração e gestão de seu filho Vilmos (1828-1900), chegado à empresa em 1863, a produção da fábrica veio a obter reconhecimento e consagração internacional, quer pela qualidade formal das suas peças quer pelo aspecto particular dos seus vidrados.

 

Com efeito, em 1886 a fábrica começou a produção de pirogranito, uma cerâmica ornamental colorida, para interiores e exteriores, que incorporava pó de pedra na sua pasta, tal como acontecia com as peças inglesas marcadas granite e com os azulejos de Sacavém, e haveria de marcar a arquitectura e o urbanismo húngaro do período Art Nouveau.

 

Por sua vez, o célebre vidrado metalizado de reflexos irisados, denominado eosin, foi introduzido em 1893, transformando-se rapidamente na imagem de marca da fábrica. Originalmente concebido como um vidrado de reflexos avermelhados, foi posteriormente alterado por forma a apresentar também tonalidades azuladas, esverdeadas e purpúreas com leves reflexos dourados.

 

Foi depois da introdução deste vidrado que a produção da fábrica, cuja superlativização formal e decorativa muito se devia a um gosto mais próximo da influência do Médio Oriente e à tradição das artes decorativas bizantina e persa, começou a derivar para o estilo Art Nouveau.

 

Curiosamente, neste formato, mais ligado a um certo revivalismo clássico do estilo Art Déco, e que ainda se encontra em produção, a variante cromática aqui apresentada parece ser menos vulgar do que a correspondente ao vidrado metalizado eosin de tonalidades douradas e esverdeadas.

 

Veja-se o site oficial da fábrica aqui: http://www.zsolnay.hu/, algumas peças do acervo do museu Zsolnay, de diferentes períodos, aqui: http://www.pbase.com/helenpb/zsolnaymuseum, e magníficos exemplares de uma colecção privada aqui: http://www.pbase.com/helenpb/gyugyi/.

 

 

© MAFLS

 

The Twelve Days of Christmas (X)

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Base de candeeiro em porcelana, com cerca de 16,9 cm. de altura, produzida na fábrica alemã Gebrüder Schoenau.

 

Criada em 1864, na Turíngia, como sucessora da fábrica de porcelana Swaine & Co., que havia sido fundada dez anos antes, a empresa foi incorporada entre 1950-1953 na VEB Sonneberger Porzellanwerke, tendo a sua produção cessado em 1974.

 

Esta decoração evoca claramente os princípios futuristas da velocidade e da industrialização, remetendo ainda para os motivos radiantes associados à electricidade e, já na década de 1920, às ondas de rádio e à telefonia.

 

De acordo com diversas fontes, a marca patente neste exemplar terá sido aplicada entre 1924 e 1930.

 

 

© MAFLS

The Twelve Days of Christmas (XI)

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Pequena jarra em faiança, com cerca de 10,4 cm. de altura, marcada Volkmar.

 

Nascido nos EUA, mas com ascendência alemã, Charles Volkmar (1841-1914) começou por ser um pintor, essencialmente paisagista, que acabou por se consagrar como notável ceramista.

 

Efectuou estudos de pintura em França, tendo ainda vindo a estagiar, durante a década de 1870, com o célebre Théodore Deck (1823-1891; cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/212524.html), e a colaborar na renomada empresa de porcelanas Haviland (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/haviland).

 

Particularmente apreciado pelos seus azulejos e placas cerâmicas, Volkmar criou também outras peças em que a pintura paisagista marcava o seu estilo decorativo. Do ponto de vista empresarial, teve um percurso atribulado, com participação em inúmeras sociedades, que quase sempre implicaram mudanças dos centros de produção e utilização de diferentes fornos cerâmicos.

 

Assim, em 1879 começou por estabelecer um forno em Long Island, tendo-se depois transferido, em 1882, para Bronx, sempre no estado de New York. Em 1888 tranferiu-se uma vez mais, agora para Menlo Park, no vizinho estado de New Jersey. Em 1895 mudou novamente de localização, instalando-se desta vez em Brooklyn.

 

Em 1903, efectuou nova mudança para Metuchen, NJ, onde lançou uma empresa com o seu filho Leon (1879-1959), a qual acabou por ser dissolvida em 1911. Leon passou então a colaborar na recém-constituída Durant Kilns Pottery, empresa que acabou por adquirir em 1924 e manteve, com essa designação, até 1930.

 

Esta pequena jarra ilustra uma simples decoração escorrida, comum a várias outras cerâmicas,  europeias e americanas, do período Art Nouveau, que em Portugal quase sempre está associada à produção de Rafael (1846-1905) e Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920) e, de forma mais genérica, à produção das Caldas da Rainha.

 

 

© MAFLS


The Twelve Days of Christmas (XII)

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Para encerrar a série The Twelve Days of Christmas de 2014/2015, e no contexto do vigésimo quinto aniversário da queda do Muro de Berlim, apresentam-se algumas peças posteriores ao período delimitado entre o estilo Arts & Crafts e o estilo Art Déco.

 

São peças de produção húngara e soviética, que traduzem um nicho de coleccionismo cerâmico que se tem vindo a desenvolver em torno da produção da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e dos países da Europa Central e de Leste que integravam o denominado bloco comunista.

 

Acima, uma peça da fábrica húngara Hollóháza, fundada em 1954, com cerca de 29,8 cm. de altura, abaixo uma peça da fábrica soviética Lomonosov, fundada em 1754, com cerca de 12,8 x 14,8 x 9,4 cm., e no final do artigo uma jarra da fábrica húngara Zsolnay, fundada em 1853, com cerca de 19,8 cm. de altura.

 

 

 

 

A produção cerâmica deste período, desenvolvida aproximadamente entre 1922 e 1991, caracteriza-se por três fases distintas.

 

As duas primeiras correspondem à produção exclusivamente soviética, que na primeira fase esteve ligada ao Suprematismo e ao Construtivismo e na segunda à intervenção reguladora da arte pelo Estado, instaurada por Estaline (Iossif Vissarionovitch Djugashvili, conhecido como Stalin [aço, de aço], 1879-1953) na década de 1930, intervenção essa que consolidou aquilo que se veio a denominar como Realismo Socialista.

 

O Suprematismo, que preconizava o abstraccionismo geométrico absoluto, supremo, teve como expoentes, entre outros pintores e outras pintoras, Kazimir Malevich (1878-1935) e Nicolai Suetin (1897-1954) e, já numa vertente mais próxima dos conteúdos ideológicos e propagandísticos do Construtivismo, El Lissitzky (1890-1941; cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/153365.html).

 

Curiosamente, a VA veio a reproduzir, na década de 1970, por encomenda, um conjunto de chávena de chá e pires, e um bule, com a seguinte inscrição "VA Vista Alegre Portugal / Mottahedeh / © The Museum of Modern Art, New York / Reproduction of a teapot decorated with suprematist designs by Nicolai Suetin and manufactured by the Petrograd Porcelain Factory [Lomonosov], 1923"

 

A terceira fase deste período de cerca de sete décadas corresponde ao pós-guerra e está representada pela produção de todos os países que, depois de 1945, passaram a integrar o bloco comunista.

 

 

 

A figura feminina da fábrica Hollóháza, concorrente tardia das consagradas empresas húngaras Herend e Zsolnay (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/twelve-days-in-twelve-hours-xii-341795.), traduz uma das tendências comuns a vários estados ditatoriais europeus durante o século XX – a recuperação e revalorização de figuras e imagens associadas a motivos populares e folclóricos.

 

Em Portugal, esta tendência foi dinamizada pela acção do SPN/SNI, e verifica-se que também ocorre, entre outras, na produção da Aleluia, da FLS, da Secla, da SP de Coimbra e da VA.

 

A segunda figura representa um pioneiro da juventude comunista, através de uma peça da fábrica Lomonosov que se destinava apenas ao mercado interno, conforme se comprova pela marca aplicada exclusivamente em cirílico.

 

Algumas fontes referem que as marcas da Lomonosov estabeleciam uma gradação de qualidade consoante a sua cor – vermelho para a primeira qualidade, azul para a segunda e verde para a terceira. Mas este não é um sistema invariável e sem excepções, pois qualquer peça que apresentasse o complemento IC era sempre considerada de primeira qualidade, independentemente da cor da marca aplicada.

 

Finalmente, a última peça, da fábrica húngara Zsolnay, produzida já em 1982, traduz plenamente a exaltação do trabalho e dos operários, característica do Realismo Socialista.

 

© MAFLS

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXXXIX)

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Estavam estas peças reservadas para um trocadilho, fácil, a realizar no Outono deste ano.

 

Mas os acontecimentos desta semana justificam a sua publicação agora, com outro valor metafórico, porque nos querem transformar em coelhos acossados e assustados.

 

A tradicional e assustadora imagem do homem do saco surge aqui transformada na imagem do homem do cajado, que ora o maneja como instrumento para não deixar sair carneiros e ovelhas do rebanho, ora para os reconduzir ao seu seio. Ou ainda para esmagar, de uma só cajadada, mais de um coelho.

 

 

E a maior homenagem que se pode fazer às vítimas dos atentados desta semana, particularmente aos desenhadores e cartoonistas e à sua luta pela diferença e pela liberdade, é não nos deixarmos iludir ou limitar, ainda mais, nas nossas liberdades e garantias individuais, a pretexto de maior prevenção e maior segurança colectiva.

 

Nos últimos anos, a nossa liberdade já foi limitada a pretexto da crise económica e financeira e da alegada necessidade de uma austeridade específica e particular. Na última década, a pretexto de uma maior segurança global – veja-se a facilidade com que actualmente os governos acedem a informação privada dos cidadãos, sem indignação ou contestação, através dos seus telemóveis ou das suas contas nas redes sociais.

 

Homenageiem-se as vítimas, e os valores de liberdade que defendiam, não se criem novos pretextos para atacar ainda mais esses valores.

 

© MSP / Mauricio de Sousa Produções

 

Como o artigo de hoje quase não é sobre cerâmica, nem essa é a prioridade, deixa-se apenas a informação de que a figura do coelho azul é da Electro-Cerâmica do Candal e as argolas de guardanapo são da VA, com marca do período de 1922-1947.

 

Vejam-se variantes cromáticas da peça do Candal aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/31762.html.

 

Bravo, Charlie!

 

 

© MAFLS

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXL)

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Pequena jarra em faiança, com cerca de 10,4 cm. de altura, da fábrica Pereira & Lopes. 

 

Localizada em Valado de Frades, Alcobaça, a empresa operou com tal designação entre 1944 e 1969, tendo esta peça sido manufacturada muito provavelmente na década de 1950.

 

Este exemplar apresenta o característico fundo azul e a gramática decorativa habitualmente associada à loiça da região de Alcobaça produzida entre as décadas de 1930 e 1960.

 

Veja-se uma outra jarra da P&L, com fundo branco e decoração completamente distinta dos seus habituais motivos florais, aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/61692.html.

 

 

© MAFLS

Prato Estampado com o Motivo Congo

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Prato raso estampado sob o vidrado, a castanho, com o motivo Congo.

 

Curiosamente, este motivo conjuga três características bem díspares – o nome, de inspiração africana, a paisagem lacustre ou fluvial da reserva, de inspiração romântica europeia, e a decoração floral, de inspiração oriental.

 

Embora tal não esteja assinalado, pelas suas características e peso, a pasta parece corresponder à categoria de pó-de-pedra, habitualmente designada como granito (cf. http://mfls.blogs.sapo.pt/60905.html).

 

A publicação pontual deste artigo surge por ocasião da mais recente reunião da Direcção da AALS, que decorreu no passado fim-de-semana, pretendendo transmitir um particular agradecimento a Clive e Emma Gilbert, pela peça que aqui se apresenta, e a José Carlos Roseiro e Luísa Bivar Roseiro, pela hospitalidade dispensada a todos os membros deste órgão presentes no evento.

 

 

© MAFLS

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXLI)

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Figura em biscuit, com cerca de 16,2 cm. de altura, produzida na fábrica Sado Internacional, de Setúbal.

 

Mais conhecida pela sua produção de serviços de mesa, chá e café, a empresa, cuja denominação completa era Faianças e Porcelanas Sado Internacional, desenvolveu contudo a concepção de algumas estatuetas e peças decorativas, como se comprova por este exemplar.

 

Esta peça em biscuit remete para uma gramática comum a outras fábricas, portuguesas e europeias, de porcelana, evocando a modelação deste exemplar características muito próximas das de algumas figuras comercializadas pela VA, como as que já aqui se apresentaram: http://mfls.blogs.sapo.pt/142873.html .

 

Embora seja muito provável que tenha sido constituída na década de 1960, não foi possível apurar a data exacta de fundação da empresa, cuja fábrica se localizava na Quinta de Canes, em Setúbal, mas sabe-se que em Novembro de 1972 esta promoveu a execução de um furo de captação de água para as suas instalações.

 

Após a revolução de 25 de Abril de 1974, a fábrica passou por um período de grande instabilidade administrativa e financeira, sendo alvo de uma medida legislativa especial, em 1980, que visava "acelerar o processo das indemnizações e (...) assegurar o efectivo exercício do direito de mobilização dos títulos representativos das obrigações emitidas para pagamento das indemnizações (cautelas), designadamente por troca com participações do Estado ou sector empresarial do Estado no capital de sociedades privadas".

 

Assim, através da Resolução 344/80, de 10 de Setembro, a Sado Internacional passou a integrar "uma lista de [104] empresas cuja participação do sector público no respectivo capital social pode ser objecto de troca com as cautelas atribuídas aos indemnizados em pagamento das nacionalizações ou expropriações de bens ou direitos".

 

No final daquela década as dívidas da SI à segurança social ascendiam a dois milhões e duzentos mil contos, situação insustentável que acabou por levar ao seu encerramento no ano de 1990.

 

A marca aqui apresentada é uma das duas conhecidas, sendo a outra, a primordial, constituída pelas iniciais SI inseridas numa oval, sobrepujada por três torres, que está rodeada na base por uma coroa de louros e se encontra ainda ladeada por dois cavalos-marinhos. 

 

 

© MAFLS

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXLII)

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Peça em porcelana, com cerca de 10,6 x 13,8 x 8,2 cm., produzida na fábrica da Vista Alegre, em Ílhavo.

 

Embora este exemplar apresente a marca correspondente ao período de 1947-1968, sabe-se que o modelo foi aprovado pelo director artístico da VA, J. Cazaux (datas desconhecidas), em Maio de 1942.

 

Um verbete da VA onde se encontra o habitual registo de produção anota a data de criação como sendo 1941 e na secção de dados dados históricos refere ainda o nome C. Han (?) e o preço de 25$00. Estaremos, assim, perante um modelo de outra fábrica que a VA terá adquirido e adaptado para a sua produção, prática que não era nada invulgar, não só na VA e nas empresas cerâmicas portuguesas como nas internacionais.

 

O mesmo verbete classifica esta peça como sendo um "Floreiro" e refere a sua designação como "Golfinho", correspondendo ao desenho P.2124. Regista ainda que o preço de custo de um exemplar branco era de 5$40, de um exemplar pintado e com complementos a ouro de 18$60, ascendendo o preço de venda deste último a 22$00.

 

 

© MAFLS

 

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXLIII)

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Conjunto de três pratos, em porcelana da fábrica da Quinta Nova, com ilustrações de Lima de Freitas (1927-1998).

 

Representando cenas alusivas às batalhas de S. Mamede (1128), acima, do Salado (1340), abaixo, e das Linhas de Elvas (1659), no final do artigo, estes pratos fazem parte de uma série de doze exemplares, intitulada Tempos de Bravura - Da Fundação ao Liberalismo, editada pelas Colecções Philae em 1986.

 

Note-se como o exemplar da batalha de S. Mamede, através da indumentária dos combatentes, do armamento, nomeadamente da cimitarra, e da simbologia dos escudos, se coadunaria mais com os intervenientes na batalha de Ourique (1139), que também se encontra representada nesta série.

 

 

A fábrica da Quinta Nova, criada na década de 1980, pertencia ao grupo Vista Alegre e assegurava uma produção mais centrada na porcelana de mesa e de hotelaria, estando localizada em Chousa Nova, Ílhavo.

 

Manteve esta designação autónoma até 2001, ano em que a VAA - Vista Alegre Atlantis, SGPS, SA, absorveu a Porcelanas da Quinta Nova, S.A, cuja designação social passou a ser Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, S.A , a Cristais Atlantis, SGPS, S.A e a Vista Alegre - Sociedade de Controlo, SGPS, S.A.

 

Como é de tradição na empresa, esta mudança traduziu-se na criação de uma nova marca VA, que foi aposta nos exemplares da sua produção entre os anos de 2001 e 2008 (cf. http://www.myvistaalegre.com/catalog/evolucaomarca.pdf).

 

 

© MAFLS


Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXLIV)

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Jarro, ou caneca, em faiança fina, produzida numa das unidades de Viana do Castelo da empresa aveirense Campos & Filhos, ostentanto um motivo já apresentado aqui anteriormente (http://mfls.blogs.sapo.pt/154655.html).

 

Ao contrário do anterior, que tem as superfícies interiores e exteriores vidradas, este exemplar, com cerca de 21 cms. de altura, apresenta acabamento vidrado no seu interior e no exterior um acabamento áspero, semi-mate, com tonalidades ocres e azuis aplicadas directamente na sua pasta biscuit.

 

O intercâmbio de partes, ou motivos, entre diferentes formatos não é invulgar na produção da CF, como é possível constatar no vídeo cujo link se encontra no artigo acima referido, o qual apresenta uma peça de outro formato com uma asa semelhante à que surge aqui.

 

 

© MAFLS

Assembleia Geral da AALS

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Por ocasião de mais uma Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém, que decorrerá pelas 11h30m do próximo sábado, dia 28 de Março de 2015, no Museu de Cerâmica de Sacavém, publicar-se-ão esta semana dois artigos ilustrados com peças da FLS.

 

Hoje apresenta-se um conjunto de pires e chávena de café do emblemático formato Estoril, com decoração a preto e dourado, publicando-se na próxima quinta-feira mais uma artigo sobre A FLS na Literatura.

 

Conforme referido anteriormente, tal formato, que epitomiza o melhor do espírito Art Déco na cerâmica de várias fábricas europeias, surge na produção da FLS com sete combinações cromáticas para o motivo aqui apresentado (http://mfls.blogs.sapo.pt/27114.html).

 

 

© MAFLS

A FLS na Literatura (VI)

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"(...) Dos móveis nem falar: uma caqueirada a que presidem umas pobres nogueiras disfarçadas de Henrique II. Que sei eu, uma família precisa de tanta coisa! Lá vêm umas visitas: «Que hão-de elas dizer, não temos dois pratos iguais!» Ou parentes da terra: «Quem sabe, talvez no testamento!» Ou os anos da Bibi, o namoro da Bibi – «Oxalá ele não repare!» E as amigas do colégio? «Uns estupores, vão contar tudo o que vêem!» Um horror de vida, nem você faz ideia, a fingir de independência, de conforto, de lar, que se arrasta vazia, friorenta, esburacada de insatisfações.

 

De que te serviu a ti, modesto guarda-livros (agora, por sinal, andas a vender à comissão, na praça) juntar uma limalha de economias de vinte anos (mas duvido que juntasses) para teres um arremedo de existência, numa casa desconfortável, com uivos de vento por todas as frinchas, uns cangalhos desconjuntados, um papagaio a gritar «ó da guarda» na sacada, e uma sopeira que te acaba de escavacar as «porcelanas» de Sacavém ao som do «Cochicho da Menina», porque a lâmpada de quinze velas não alumeia, senhor!

 

A tua mulher frequentou um colégio onde aprendeu lavores e a conjugar o verbo aimer (no futuro anterior, sobretudo) e teve os seus sonhos: por isso, nas faltas de criada, não pode ir ao mercado – «Esta vizinhança fala de tudo!» – e preferiria atirar-se da janela à rua, de cabeça para baixo, a ir levar o caixote do lixo à porta da escada, quando são horas de vir a carroça. É por isso que todas as noites, como um ladrão, tu vais pôr o embrulho do teu lixo pobre à porta duma vizinha, ou o despejas simplesmente num patamar ou no passeio, onde os gatos vêm fazer o seu festim de espinhas de carapau. (...)"

 

Excerto de Os de Cima e os de Baixo, da autoria de José Rodrigues Miguéis (1901-1980), publicado no seu livro É Proibido Apontar: Reflexões de um Burguês - I (1974). Este texto foi originalmente publicado em 1939, na revista Seara Nova, sofrendo depois alguns retoques até à sua primeira edição em volume, que ocorreu em 1964.

 

Contrastando com as sombrias e deprimentes observações de Miguéis, em alguns aspectos ainda tão actuais nos lusitanos e tristes dias que correm, apresenta-se hoje esta peça da FLS, decorada com um bem-humorado motivo, datável, de acordo com o seu formato e vidrado, das décadas de 1950 e 1960.

 

Note-se como este pequeno exemplar, com cerca de 9,1 cm. de diâmetro, ostenta uma primeira marca sob o vidrado translúcido e uma segunda marca, a dourado, sobre esse mesmo vidrado. Uma característica comum a várias peças semelhantes, como já foi ilustrado anteriormente: http://mfls.blogs.sapo.pt/11311.html .

 

Recorde-se, uma vez mais, que a próxima Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém decorrerá no sábado, dia 28 de Março de 2015, pelas 11h30m, no Museu de Cerâmica de Sacavém.

 

 

© MAFLS

 

Novos Corpos Sociais da AALS

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Assinalando a realização de mais uma Assembleia Geral da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém, que decorreu no passado dia 28 de Março de 2015, apresenta-se hoje um prato raso estampado a azul com uma primitiva versão do célebre motivo Chorão (Willow pattern).

 

Tal exemplar do período da Real Fábrica, cuja decoração documenta mais uma das inúmeras variantes deste exuberante motivo, comprova que o mesmo foi reproduzido e comercializado pela FLS durante cerca de cem anos.

 

Assinale-se que a fissura da pasta, visível no tardoz junto à marca, ocorreu durante o processo de cozedura, uma vez que a mesma se encontra parcialmente vidrada.

 

Como já foi anteriormente referido, num outro espaço (http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/23504.html), o motivo Chorão foi internacionalmente reproduzido, desde o século XIX e nas sua diversas variantes, por dezenas de fábricas, marcando a memória de inúmeras gerações.

 

O valor icónico desta decoração veio a ser consagrado, já no dealbar do século XXI, através de uma notável escultura cerâmica intitulada Behind Quiet Veils of the Blue Willow, criada em 2000 por Red Weldon Sandlin (n. 1958) e actualmente no acervo do The Newark Museum, E.U.A. (http://www.newarkmuseum.org/), que abaixo se reproduz.

 

© The Newark Museum 

 

Na sequência da Assembleia Geral acima referida, foram eleitos novos elementos para desempenhar diferentes funções nos Corpos Sociais da AALS, durante o biénio 2015-2017, passando estes a ficar assim constituídos:

 

Direcção

Emma Gilbert (presidente), Fernando Martins (vice-presidente), Clive Gilbert (vice-presidente), José Roseiro (secretário executivo), Miguel Calado (tesoureiro).

 

Conselho Fiscal

Vasco Telles da Gama (presidente), Isabel Maria Costa Figueira, Maria João Pinheiro.

 

Mesa da Assembleia Geral

António Augusto Joel (presidente), Luísa Bivar Roseiro.

 

A Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém dispõe de um site oficial (http://www.loicadesacavem.pt/) e de uma página no Facebook (https://www.facebook.com/associacao.amigos.loica.de.sacavem).

 

 © MAFLS

Outras Fábricas, Outras Loiças (CCXLV)

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 "... um carro triunfal sobre duas rodas que avançou tirado por um Grifo." Purgatório, Canto XXIX.

 

Mais um conjunto de três pratos em porcelana da fábrica SPAL, que completa a divulgação de todos os exemplares que integram esta colecção, reproduzindo desenhos do pintor e ilustrador Lima de Freitas (1927-1998; cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/245638.html e http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/245105.html).

 

Como já foi referido, todos estes desenhos foram elaborados sob encomenda das Colecções Philae (http://www.philae.pt/index.html), que lançaram e comercializaram a série em 1984.

 

Constituída por nove pratos (veja-se toda série aqui: http://mfls.blogs.sapo.pt/tag/dante+alighieri), a colecção evoca diversas passagens da célebre obra intitulada Divina Comédia, a qual foi escrita pelo consagrado poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321).

 

 "... começou a gritar a horrenda boca na qual fala mais doce não cabia." Inferno, Canto XXXI.

 

Exímio desenhador, Lima de Freitas teve alguma da sua produção gráfica e pictórica inicial associada ao movimento neo-realista. Esta influência evoluíu depois para um traço expressionista, bem patente em algumas das capas que produziu para as célebres colecções Argonauta e Vampiro das edições Livros do Brasil (cf. http://capasecompanhia.blogs.sapo.pt/?skip=10&tag=lima+de+freitas.).

 

É aliás nas capas que o artista produziu para estas duas colecções que se pode constatar a sua versatilidade, porquanto se revela um atento executante das diversas correntes gráficas suas contemporâneas.

 

Neste conjunto de pratos executados para a SPAL encontramos já uma outra fase da sua obra, mais ligada ao hermetismo de inspiração maçónica, como se pode verificar quer nos diversos símbolos patentes nas imagens quer no número de peças escolhidas para integrar a colecção.

 

Para além desses símbolos, note-se como Lima de Freitas insiste na sobreposição e dissimulação de rostos e corpos nas composições, recurso particularmente utilizado nos pratos alusivos ao Purgatório e ao Inferno.

 

"A bela imagem da Águia, que era formada das almas agrupadas, ledas no gozo da sua beatitude, mostrava-se-me com as asas abertas." Paraíso, Canto XIX, 1-3.

 

© MAFLS

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